Monitoramento no médio e alto rio, em Tefé e Tabatinga, revela quadro diferente de 2023 e 2024.
O rio Solimões apresenta um comportamento atípico da vazante neste ano, distante das secas severas registradas nos últimos dois anos.
Em Tefé, ribeirinhos acreditam que o lago Tefé, afluente do médio Solimões, “não vai secar muito” neste ano. O monitoramento realizado pela régua do Instituto Mamirauá confirma a percepção dos moradores: entre 30 de setembro e 1º de outubro, o lago recuou 7 centímetros, e nos últimos sete dias, o lago baixou 36 cm, mantendo-se em 11,91 metros.
Durante setembro, a descida acumulada foi de 4,35 metros.
A avaliação é recebida com certo alívio pelas comunidades. Uma seca menos rigorosa significa maior facilidade de navegação, menos isolamento e melhores condições para a pesca, que sustenta centenas de famílias da região.
Ainda segundo o instituto, todas as estações estiveram em processo de vazante em setembro, mas com descidas gradualmente menores.
O tefeense Valdinei Soldier, com larga experiência no monitoramento do movimento das águas do Solimões, hoje faz pesquisa por conta própria da vazante nos vários portos de Tefé e das comunidades próximas.
Tabatinga, no alto
Em Tabatinga, no alto rio Solimões, a cota é de 3,28 metros neste 2 de outubro (quinta-feira).
O dado contrasta fortemente com o mesmo dia de 2024, quando a régua marcou -2,04 metros. E se comparado a 2023 piora, já que o nível chegou a -0,11 m .
A descida registrada em setembro foi de 73 centímetros. Nos últimos sete dias desse mês, Tabatinga registrou queda de 33 centímetros, enquanto o lago Tefé, no terço médio do rio, recuou 36 centímetros.
Esse histórico evidencia a diferença do movimento da água barrenta neste ano. Até este início de outubro, o Solimões permanece estável e em patamar mais elevado do que nos anos anteriores.
Repiquete e fatores climáticos
Em Tabatinga, o fenômeno do repiquete também se manifestou em setembro. O rio apresentou uma subida temporária no meio do mês e voltou a baixar em seguida, sinalizando maior estabilidade hídrica.
Pesquisadores associam o comportamento de 2025 à oscilação climática global. O enfraquecimento do El Niño e a tendência de formação da La Niña modificam os padrões de chuva na Amazônia.
Em setembro, a região registrou 42,4 milímetros de precipitação, segundo o Mamirauá. Embora abaixo da média histórica, o índice superou os volumes dos anos de seca extrema. Além disso, a qualidade do ar permanece boa, com menor incidência de queimadas e incêndios.
Por BNC




