Pré-COP: Brasil cobra mais do que discursos

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Governo brasileiro, que defende ações pró-clima, mas quer aumentar exploração de petróleo, também foi alvo de cobrança

Encerra hoje, em Brasília (DF), a reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), evento que acontece em novembro, em Belém (PA).

No primeiro dia do evento, o governo brasileiro cobrou o avanço das metas do Acordo de Paris, que busca frear a mudança do clima, e foi pressionado por movimentos sociais a eliminar o uso dos combustíveis fósseis, principal vilão do tema.

O evento continua nesta terça-feira com diálogos entre o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, e representantes da sociedade civil que são reconhecidos pelo UNFCCC, escritório da ONU sobre mudanças climáticas. Também haverá sessões temáticas para discutir transição energética, financiamento climático e conversas da presidência da COP com negociadores e outros representantes de países membros.

Enquanto o presidente Lula (PT) está em evento sobre o combate à fome em Roma, o governo brasileiro foi representado na Pré-COP pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Durante a reunião, em que estiveram presentes 67 delegações dos cinco continentes, ele instigou os países a tomarem ações efetivas waldick@acritica.com contra a mudança do clima.

“Convoco a todas e a todos a compartilharmos essa preocupação ambiental e esse amor ao próximo não apenas em nossos discursos, mas em ações concretas, em benefício de toda a comunidade internacional e como legado para as gerações futuras”, afirmou.

A frase vai em linha com a posição que vem sendo defendida pelo Brasil, da COP 30 como a edição da “implementação”, não apenas reflexão sobre o problema.

O presidente em exercício também destacou os três objetivos propostos pela presidência brasileira da COP. O primeiro é o reforço ao multilateralismo e o regime de mudança do clima na ONU, uma resposta a cenário conturbado em que os Estados Unidos deixaram o Acordo de Paris e que países europeus têm priorizado investimento em defesa, deixando em segundo plano a transição climática.

Os outros dois objetivos da presidência brasileira são a conexão do regime climático com a realidade das pessoas; e a aceleração da implementação do Acordo de Paris por meio de estímulos a ações e ajustes estruturais.

O acordo, que completa dez anos em 2025, prevê que os países atuarão para impedir que o mundo ultrapasse 1,5 °C em comparação aos níveis pré-industriais, meta praticamente perdida, mas ainda considerada importante como um horizonte para que a piora do clima seja menos intensa.

A menos de um mês da COP em Belém, somente 62 entre mais de 160 países apresentaram suas novas metas climáticas (chamadas NDC) para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. O Brasil, que preside o evento neste ano, foi um dos primeiros. Grandes emissores como União Europeia, Índia e China atrasaram a entrega das suas e outros 101 países prometem apresentar as metas até a COP. Os Estados Unidos, sob Trump, ainda tem uma NDC da gestão Joe Biden.

 Governo pressionado por fósseis

 Em meio à presença de representantes de países para discutir clima em Brasília, organizações da sociedade civil realizaram atos simbólicos para cobrar o fim do uso dos combustíveis fósseis, que incluem carvão, gás natural e petróleo. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, os fósseis são responsáveis por 75% dos gases do efeito estufa liberados na atmosfera.

“Após 30 anos de promessas quebradas nas negociações climáticas e uma década desde o Acordo de Paris, continuamos a expandir o problema, permitindo o aumento da produção e extração de combustíveis fósseis”, afirma a presidente da Iniciativa do Tratado sobre Combustíveis Fósseis, Kumi Naidoo.

O tema é um dos mais desafiadores da COP, porque há forte pressão de países dependentes do petróleo para a economia e também de empresas que lucram bilhões com esses combustíveis. Ainda assim, na COP de Dubai, em 2023, o Balanço Global do Acordo de Paris reconheceu o afastamento dos combustíveis fósseis como ação urgente para esta década.

O Brasil é o 8º maior produtor de petróleo do mundo e, no momento, vive um debate interno sobre uma possível nova exploração do fóssil na Margem Equatorial, no Amapá. Enquanto ambientalistas criticam a possibilidade, o governo diz que novos recursos poderão ajudar a financiar a transição energética.

Coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, Claudio Angelo afirma que os combustíveis fósseis não aparecem na agenda da COP30 mesmo após o mundo concordar, há dois anos, em fazer a eliminação gradual do petróleo, do carvão mineral e do gás.


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